segunda-feira, março 06, 2006

Os Óscares 2005

Como sempre desde puto não perdi ontem a noite dos óscares, sou viciado em cinema, gosto de uma maneira um pouco provinciana de ver todas aquelas estrelas juntas a agradecer, a relacionarem-se e a cima de tudo a mandarem bocas umas às outras. Não vejo telenovelas, permitam-me.
O melhor da noite passado para começar foi Jon Steward, à muito tempo que não me divertia tanto a ver os óscares, a edição passada tinha sido um terror, esta foi Jon Steward quem a fez brilhar. O minuto e o rude interromper dos ganhadores continua, infelizmente, tirando espontaneidade aos discursos de aceitação, que são agora quase clínicos, quando bem feitos e um desastre quando não estão bem preparados. Já o disse preferia ver até às seis da manhã do que acabar às quatro e meia e parecer ter assistido a uma máquina distribuidora de prémios.

Para mim houve ainda três injustiças, a primeira e mais clamorosa foi o argumento original, foi para “Crash” um bom filme, mas nada comparado com o genial e mais que brilhante argumento de Woody Allen em “Match Point”. Mas a essa injustiça já estou eu habituado, Woddy Allen já foi nomeado para 15 argumentos originais, ganhou três, se não me engano… A segunda para a melhor actriz Reese Whitherspoon, para mim de longe Felicity Huffman. O terceiro para o melhor filme, “Brokeback Moutain” é bem mais filme do que “Crash”, apesar da grande injustiça aqui ser a de Woody Allen não estar presente com “Match Point”, de longe o melhor filme que eu vi este ano.

Ben Stiller esteve em grande, o melhor discurso de aceitação foi o de Clooney, o momento mais ridículo foi mesmo de Steven Spielberg, Ben Stiller vestido num fato verde, faria pretensamente com que ficasse invisível, andando de um lado para o outro no gozo, a fingir que desaparecia e que rodava a cabeça, virou-se e disse – This is bloing Spielberg’s mind! – filmado o próprio Spielberg quase sério negou-o – No it’s not! – leram-se nos seus lábios… O homem anda meio reprimido desde que apoiou a invasão de Bush ao Iraque… há parvos para tudo… Diga-se de passagem que tirando todo o facciosismo do filme, Munich é espectacular.

O momento mais estranho foi a vitória de uma banda de rap com a música, tenebrosa, diga-se de passagem, mas não são sempre nos óscares? chamada “Hard out here for a pimp”, os festejos foram como se espera uma banda de rap festejar, um monte de “shout outs”. E Jon Steward que mais tarde veio a chamar a atenção, Socorcese 0 – ganster rap (ou o nome da banda já não me lembro) – 1. Ri-me até darem o óscar de melhor edição ao “Crash”, que me pareceu bem entregue.

Miguel Bordalo

3 Comments:

At 11:33 da manhã, Anonymous Anónimo said...

boa Miguel. subscrevo todas as opiniões, excepto as que dizem respeito ao que se passou para lá das 2h30 porque eu já estava a dormir...

Match point, sem dúvida, era um excelente argumento (entre outros bons argumentos que o filme tinha, mas que os oscars não distinguem)

Jon Stewart, genial, mas fico sempre na dúvida, tal como em relação ao filme do Clooney, se isto é bater o pé à eminente mudança de regime ou simplesmente fingir rebeldia para manter a credibilidade junto dos intelectuais americanos (e europeus, claro)

mas com entradas tão fortes como "se toda a gente desta sala se juntasse para o depôr, será que a democracia voltava a hollywood?" fico inclinado a acreditar na 1ª hipótese: hollywood já anda a mordiscar a mão que a alimentou...

 
At 2:56 da tarde, Blogger Clara Cymbron said...

Concordo com tudo :P .

 
At 9:31 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Where did you find it? Interesting read »

 

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