Impressões II
Continuo a situar a homenagem póstuma à minha pequena máquina de bolso na Escócia, em Abril/Maio de 2006.
Depois de Thurso East ter fechado a loja, o Highland Open garantiu o título de campeonato mais surpreendente da ASP deste ano, em Brims Ness, o local alternativo do WQS escocês.
O entusiasmo dos campeonatos, a um dado momento, é cortado e substituído pela força da estatística e pela frieza dos números. A um dado momento percebemos que há duelos inevitáveis, assim o determinam a folha de heats e a chave dos resultados. Chamamos-lhe finais antecipadas, não é à toa e não é, também, necessariamente bom. Num mundo ideal, Royden Bryson, Aritz Aranburu e Pigmeu nunca se teríam defrontado entre eles neste campeonato. Mais, teriam ganho os três.
De entre os vários grupos que compuseram o mosaico de participantes desta viagem ao princípio do fim do mundo, havia um aparentemente outsider. De origens diversas, uma semelhança: todos actualmente londrinos. Alex Wade era um deles. Advogado, jornalista, escritor e, sobretudo, surfista. Como surfistas colocamo-nos permanentemente em situações desconfortáveis, em que o chão nos foge dos pés, sem mais explicações. Não sei se foi essa a razão pela Alex mergulhou no sub-mundo do boxe londrino - uma experiência que coloco entre o Snatch e o Fight Club - e escreveu um livro sobre isso, com o apropriado nome de Wrecking Machine. Descobri agora que ele tem um blog de surf no Times Online, chamado Surf Nation, um nome que não podia ser melhor escolhido no momento actual do surf no Reino Unido, como bem vimos neste post do Vasco, no Ondas.
Manuel Castro