sábado, junho 24, 2006

O paraíso da carochada

Um amigo meu, o Diogo, foi ver o Portugal-Irão à Alemanha. Foi num dia, veio no mesmo. Para lá da invejável experiência o rapaz veio impressionado com a organização, a primeira coisa que me disse foi que não havia um único pedaço de lixo no chão ao pé do estádio. - Cheguei paguei 3.50 por uma cerveja - disse-me, - bela cerveja deve ter sido! - respondi um pouco incrédulo - Mas fiquei agarrado na primeira cerveja, é que os tipos devolvem-te 1 euro se devolveres o copo. - Eu até lhe disse que era uma boa ideia, mas aqui em Portugal... bem seria o sonho do carocho e o pesadelo de qualquer pessoa que goste da sua cervejinha num copo de plástico.

Miguel Bordalo

segunda-feira, junho 19, 2006

Passos em frente a trás e para o lado

A União Europeia está em crise, o alargamento foi claramente um erro, foi feito com demasiada pressa num ímpeto economista que mostrou uma certa fragilidade. Neste momento a recompor-se vêm-se situações como a vitória do referendo para dar mais independência à Catalunha. O que curiosamente não deixa de ter uma certa lógica. Parece ser um passo para trás, ou pelo menos numa direcção diferente. Anda assim a Europa…

Miguel Bordalo

sábado, junho 17, 2006

A minha selecção

Antes do jogo com o Irão estou convencido, pelo que vi na última semana que realmente Scolari é o homem certo no lugar certo. Pessoalmente não gosto de fãs do Pinochet, nem gosto da arrogância como fala de vez em quando. Já fiz isto uma vez, para compreender Scolari pode-se comparar o treinador a Mourinho. Eles são a perfeita antítese um do outro, e de certa maneira conseguem os dois o mesmo tipo de sucesso.

Scolari é um treinador de fé, o maior exemplo disso é a inclusão de Pauleta em todos os jogos no Europeu 2004, Pauleta em má forma não marcou um único golo durante todo o torneio, mas Scolari acreditou que sim, e na final apostou novamente no açoriano a ponta de lança. Dizem os críticos de Scolari – exactamente por isso é que ele é mau e assim perdeu a final – pode ser que sim, que por isso tenha perdido a final, mas é por este tipo de situações que ele chegou lá, porque ao acreditar nos seus jogadores eles vão dar tudo por ele, vão lutar até ao fim como um grupo unido. A conversa do grupo não é de somenos importancia. Em competição só ganham duas equipes, as equipes das estrelas muito bem controladas e treinadas como as de Mourinho, que racionaliza tudo, cria até conflitos dentro dos seu próprio balneareo para moralizar determinado jogador, tudo de uma forma muito controlada, usa os seus homens de uma forma cínica e bem estudada, e existe a outra forma de ganhar, (e de que ao longo dos tempos tenho visto muito mais vitórias), do grupo, não é necessariamente a melhor equipe do campeonato em que se encontra, mas a forma vem do entendimento entre os jogadores e equipe técnica.

Assim Portugal defronta daqui a duas horas o Irão, espero que Portugal ganhe, mas mesmo se não ganhar já estou convencido dos benefícios que Scolari trouxe, Costinha e Figo deram o argumento final, e se Costinha tem grande razões para isso, Figo não tem nenhumas. Mas afinal se embirro um bocadinho com a personalidade de Scolari a única razão pela qual não a exploro mais é porque embirro muito mais com as pessoas que nas televisões e jornais o criticam. Isso é que é uma cambada de inúteis, mas não no bom sentido! (Por falar nisso, finalmente vou poder postar no ondas, não ia ser eu a tirar o texto do Pedro dali, uma das melhores coisas escritas sobre surf de sempre.)

Miguel Bordalo

quinta-feira, junho 15, 2006

Resumindo podemos ser iguais ou piores!



Murder Ball é um documentário sobre quadraplégicos e outros deficientes motores muito limitados. O filme mostra um jogo muito agressivo, chamado rugby de cadeira de rodas, mas conhecido como Murder Ball, que vai mostrar a determinação e a capacidade física daqueles jogadores que parecem tão frágeis à partida. Mostra poucas partes de como estes homens aprendem a lidar com a sua situação, normalmente de uma forma extremamente defensiva e agressiva em ralação à sua total independência.



Dois homens, Joe Soares e Mark Zupan, duas personalidades que são tão fortes como agressivas, já completamente confortáveis nas suas cadeiras de rodas, mostram que toda a sua agressividade e determinação vêm de si mesmos e não do estado em que estão, provavelmente se não estivessem numa cadeira de rodas teriam exactamente o mesmo temperamento.



As histórias no filme mostram feridas a serem saradas, de uma maneira mais solitária ou mais acompanhada. A história mais emocionante é a de um rapaz Bob Lujano que teve um caso estranho de meningite e como consequência perdeu as pernas e os braços, é na parte que foca a sua história que o filme mostra realmente uma capacidade cinematográfica, o sonho dele é contado de uma maneira muito bela, depois de nos apercebermos que Bob, por incrível que pareça é o mais independente de todos eles, é o menos rancoroso, provavelmente o mais feliz. E ele diz-nos a razão pela qual ele está ali, a viver daquela maneira, o seu pai, porque o seu pai nunca foi de o esconder, ou de o defender de maneira agressiva, quando gozavam com ele quando era pequeno o pai ajudava-o a sorrir com isso, integrava-o na brincadeira, como consequência Bob Lujano é extremamente cómico e fácil de lidar, mostra que tem os seus maus momentos mas supera-os. A parte mais emocionante do filme é depois do jogo, quando encontra o seu pai, podemos ver que ninguém naqueles momento tem mais orgulho do seu filho, ninguém tem mais orgulho do caminho que percorreram, e Bob Lujano e o seu pai tornam-se a verdadeira história do filme, a verdadeira história inspiradora.

Miguel Bordalo

segunda-feira, junho 12, 2006

Portugal no Mundial

O Mundial é muito provavelmente o momento mais importante para a carreira e vida de um jogador de futebol. Não tanto porque é o torneio mais importante do mundo, não porque é visto por mais de 200 milhões de espectadores ou mais, nem até porque é um momento único difícil de participar, o fundamental neste torneio é que o jogo é sempre solitário, único aquela hora e toda a gente importante no mundo do futebol está aquela hora com os olhos postos no jogador. Por momentos todas aquelas figuras que realmente entram no imaginário de um jogador, todos os agentes que podem influenciar o futuro do mesmo e todos os seus pares estão de olhos postos naquilo que eles podem fazer. Jogar mal, portanto não é um escândalo. Falta de inteligência já não é muito abonatório…

Hoje a selecção jogou o suficiente, ao contrário do que se disse depois do jogo só uma equipe poderia ter saído vitoriosa daquele jogo, e só uma equipe teve verdadeiras oportunidades de perigo, e essa equipe foi sempre Portugal. Angola teve raça em determinados momentos do jogo, mas foi claramente incapaz de criar uma jogada com pés e cabeça, o medo que gerou partiu de remates de muito longe, sem, o que é preocupante, a oposição do meio campo português, com sorte pode-se por vezes sofrer golos assim, como o Benfica depois de dominar o Vilareal em casa este ano na liga dos campeões, para depois sofrer um golo num milhão. Felizmente a pontaria não esteve afinada, e a única defesa importante de Ricardo não deixou espaço para ressaltos.

Assim foi com algum sacrifício que se viu a segunda parte e uma boa parte da primeira, porque o 5-3-3 de Portugal tinha dificuldades em encaixar no 4-6-0 de Angola. Com alguma qualidade é sempre possível fazer com que uma equipe adversária não jogue bem, Angola consegui-o e foi a única coisa positiva que vi de Angola, isso e um extremo que corria que se fartava na direita do ataque. Portugal teve um ou outro momento pior. Teve Fernando Meira a disparatar, e Cristiano Ronaldo a pensar que é a estrela da companhia, está a jogar de uma forma displicente e um pouco histérica. Mas enfim, é a maior promessa do futebol português e se puser os olhos no Figo talvez venha a ser aquilo que ele já pensa que é. Vamos esperar que sim. O Irão não vai trazer mais facilidades que Angola.

Miguel Bordalo

Ps: Scolari conseguiu surpreender, pôs os jogadores em forma nos lugares certos.Tiago e Petit? Evidente!

quinta-feira, junho 08, 2006

Um boa medida?

Alberto costa vai encerrar 22 prisões por uma questão de racionalização de custos. Outros espaços serão criados, os funcionarios das prisões serão distribuidos por outras.

A amenistia internacional sauda o encerramento e vejam lá os sindicatos não ficam atrás no entusiasmo da medida...

Se tudo fosse assim tão simples...

Miguel Bordalo

quarta-feira, junho 07, 2006

Desejo Casar

Eu não. Eles. Estão de volta, para aí há dois meses, mas nós...

Manuel Castro

PS: Enfim, nada bate quando anunciámos entusiasticamente o regresso à blogosfera de Pedro Adão e Silva, no Canhoto, quase um ano depois deste ter efectivamente acontecido.

terça-feira, junho 06, 2006

Concurso

"Este país já tem fiscalização a mais. Não podemos andar aqui a bufar-nos uns nos outros! Já chega!"

De quem é esta frase? Quem acertar ganha o prémio evidencia da semana La Palice.

Miguel Bordalo

segunda-feira, junho 05, 2006

O Avesso do Avesso

É aqui e é do Filipe Moura. E nós, feitas bestas, ainda não tínhamos reparado.

Com a verdade me enganas

"Sabes que dia hoje?", pergunta o jornalista da SIC, a uma das crianças que acompanhou Sócrates numa marcha evocativa do Dia Mundial do Ambiente, em Trás-os-Montes.
"É dia 5!".

Manuel Castro

Divisões, contradições, repulsões

Hoje ao ver acidentalmente, acompanhado de uns amigos numa mesa, o discurso de Rui Santos não pode deixar de me sentir dividido. Por um lado Scolari de quem não gosto, mas não lhe retiro capacidade de liderança nem de apresentar resultados, por outro Rui Santos que é um dos piores comentadores que alguma vez existiu na praça pública portuguesa, Rui Santos puxava dos galões, quase a chorar, mostrando que tinha uma carreira que falava por si, mandando vir com um péssimo hábito de Scolari e já agora de Madaíl de não gostarem de ser criticados. Eu nem sei!

A discussão desenrolava-se sobre uma contradição brutal, é que Scolari numa entrevista feia atacava personalidades que eu pessoalmente também não respeito minimamente, quando se trata de futebol, mas apontando-os e assim definindo-os como intelectuais! Ora aqui reside a grande contradição, Rui Santos defendia-se como um destes intelectuais! Não pode.

A repulsa que eu sinto por esta gente toda do futebol... bem faz com que goste cada vez mais de surf!

Miguel Bordalo

domingo, junho 04, 2006

Mais uma questão histórica mal resolvida

Hoje o Montenegro separou-se da Sérvia, ainda bem pensa a Sérvia, vamos lá ver como é que isto resulta diz o Montenegro. É como agora Portugal ficar sem a Madeira, perdíamos um monte enorme de encargos juntamente com um espaço marítimo enorme, que não usamos para absolutamente nada. Mas o Montenegro nem espaço marítimo tem! Não tem nada. A não ser uma leve noção de pátria que nem é das mais bem construídas, nem muito menos das mais fortes.

A Jugoslávia foi construída por uma razão, e a construção da Jugoslávia tirando os fenómenos complicados do império Austro-Húngaro nem foi muito conflituosa, tal como a esta última separação. Toda a necessidade que fez criar estes blocos nasceu, parece-me a mim de uma necessidade de que a união faz a força e de facto fez. Podemos discutir aqui resultados, vitórias e derrotas, mas a divisão enorme que se faz sentir, ainda mais com a aproximação da UE vai enfraquecer toda aquela zona, e vai acabar por enfraquecer também a própria união europeia que está a apressar demasiado a união destes países na organização. No fundo a desgraça, para todos, inclusive os montenegrinos e os sérvios vai ser que pela maneira como a União está a ser gerida, na sua inevitável queda vai tudo andar perdido novamente, órfãos sempre à espera de rumo. Mas talvez as coisas mudem…

O mundial para a Sérvia e para o Montenegro vai ter um sabor estranho a recente de nostalgia, para os respectivos povos mas a cima de tudo para os jogadores.

Miguel Bordalo

sábado, junho 03, 2006

Timor que passado?

Demorou pouco tempo a estabilidade em Timor, a esperança ainda vive mas provavelmente por pouco tempo. Os três ou quatro anos de independência de Timor não criaram nada, a melhor coisa que fizeram foi defender os seus interesses no petróleo, mas sem capacidade de o explorarem. Houve algum dinheiro a entrar em Timor, e mesmo se fosse muito o resultado seria provavelmente o mesmo, nada.

Assim sendo o que é que se passa em Timor? O mesmo que se passava há uns anos? Uma questão entre gente de leste e gente de oeste? Provavelmente. Questões mal resolvidas, espaços e poderes. Mas há mais. A Austrália? As negociações difíceis? Tudo provavelmente. Mas na realidade há uma situação que claramente não resulta em Timor, uma luta entre a esquerda de Alkatiri e os conservadores também representados nos corpos oficiais do país, que identifico por gente com por quem tenho muito pouca consideração, Ramos Horta e… Xanana Gusmão. É verdade não confio nem um pouco nestes dois, apesar de conseguir ver alguma necessidade que Timor tem de depender da imagem de Xanana, mas a actuação de Xanana tem sido estranha, ou muito calado e pouco interveniente, como de repente muito crítico e violento. Lembra-me um qualquer agente à espera de ordens, sem pensamento próprio, mas enfim, Timor continua na mesma passados… 36 anos! E não fosse o mundo ter mudado podiam muito bem estar a preparar-se para ir para as montanhas porque estavam a ser invadidos pela Indonésia.

A GNR está a chegar 120 polícias para mais de meio milhão de civis… as probabilidades não parecem grande coisa.

Miguel Bordalo

sexta-feira, junho 02, 2006

O regresso

A noite, como todas as noites londrinas, estava fria. Mas estava escrito que aquela não seria mais uma noite londrina. Seria sim, mais uma daquelas noites.
Estávamos em Novembro de 1991 e depois daquele empate caseiro com o Arsenal a um golo, era obrigatório ganhar, ou, no mínimo, empatar a dois ou mais golos, para garantir a passagem à primeira edição da Liga Dos Campeões, que era então uma mera poule em trânsito para um modelo competitivo completamente diferente do anterior.
Highbury Park foi o cenário para Isaías assinar o seu lugar na história do clube e esmagar o Arsenal, mas mesmo antes do jogo começar percebia-se que o Benfica poderia ganhar.
O onze aparece disposto no ecrã da televisão quase como um cenário futurista, que não existia em Portugal, com as peças colocadas num campo virtual no ecrã que tentava desenhar a táctica.
Eriksson, então como hoje, sem medo em apostar em perfeitos desconhecidos em grandes palcos - lembro Theo Walcott, de 17 anos, cuja frieza nórdica achou ser útil à sempre envolta em febre mediática selecção inglesa no Mundial - lança Rui Costa.
Pormenor: Número 10, na altura em que os onze números se escolhiam na hora.
O número 10 era o de Rui Costa e, desde aquela noite, até hoje, nunca mais deixou de ser (mesmo que Futre a tenha usado na mesma equipa de Rui Costa, isso é um pormenor), apesar de Rui Costa ter vestido duas outras camisolas e o número 10 do Benfica ter sido vilependiado por outros quantos - Nelo à cabeça.
Rui, descoberto por Eusébio num treino de captação - onde se descobriam jogadores antes de aparecerem esses engravatados empresários detectores (detractores?) de talento - sempre foi um apaixonado pelo Benfica.
Filho legítimo da camisola 10, um jogador fabuloso, com traços de regista como Giannini mas com o génio cigano como só o Benfica poderia oferecer, a dar à geometria do seu futebol uma tonalidade de criatividade raríssima no mundo, nunca disfarçou o amor ao clube. Quando cá jogou, quando saiu, quando contra nós marcou, quando suspiramos por ele durante 12 anos seguidos e ele respondia sem disfarçar o encanto e a saudade.
Cartas de amor em tempo de guerra no futebol.
Depois de 12 anos adorado em Itália - não há, no mundo inteiro, melhor currículo que ser um deus do calcio - agora, finalmente, felizmente, inevitavelmente, o regresso.
Bem-vindo Rui Costa.

Manuel Castro

O mouco é só 1 pouco

E agora, para algo completamente diferente (ou de como este post já leva tanto tempo de atraso quanto a existência deste blogue):
1 Pouco Mouco

Manuel Castro

Em escuta II

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Red Frusciante Chili Peppers

Stadium Arcadium, Red Hot Chilli Peppers

Manuel Castro

Em escuta I

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Sons feitos de luz.

The Garden, Zero 7

Manuel Castro