segunda-feira, outubro 30, 2006

Porto- Benfica: a ressaca

Depois de uma semana ao mais alto nível com Filipes Vieiras, Veigas e Pinto da Costa a dizer - como hei-de por isto em termos simpáticos? - cagada, e a preparar um caldo bem fervido para o jogo entre o Porto e o Benfica, por 90 minutos o protagonismo foi devolvido a quem interessa com o foco a incidir no campo de jogo.
Sobre isso, convém dizer que o Benfica merecia ter ganho o jogo. O domínio esmagador - apesar das melhores oportunidades terem sido do Benfica, por Kikin e Paulo Jorge - do Porto na primeira parte deveu-se mais à total desorientação do Benfica do que a outra coisa. Com espaços pornográficos abertos para os génios de Lucho, Quaresma e Anderson, e com a rapidez de Postiga e Lisandro era - e foi - díficil resistir à avalanche portista.
Com a reorganização do Benfica na segunda parte, com Nuno Assis de volta a um onze de onde nunca deveria ter saído, Nuno Gomes a largar esse famigerado número 10 que inventaram para ele - uma coisa é jogar nas costas de um ponta de lança, outra é ser número 10 -, Katsouranis e Petit a entenderem-se como nunca, e uma injecção de confiança em Léo e Nélson, tudo foi diferente e o Benfica voltou a ser um todo e não uma série de 3/4 jogadores a entenderem-se bem por zonas, mas sem identidade como equipa. De igual para igual, o Benfica foi e é superior.

O Benfica dominou com um 4-3-3 semelhante ao do Porto, quer no meio campo (Petit, Katsouranis, Assis - Meireles, Assunção, Lucho) quer no ataque (Simão, Nuno Gomes, Kikin - Quaresma, Lisandro, Postiga).
No ataque, é importante dizer, onde, de um modo curioso, no Benfica se levantam problemas sob a forma de grandes discussões quanto há utilização de Simão, como se este fosse um extremo único que precise de outro extremo para ter espaço na equipa, como se uma equipa de futebol não fosse um movimento harmónico e orgânico.
No Porto esse problema já não se coloca, apesar de também jogar só com um extremo de raiz, Quaresma.
Primeira conclusão, é que esse é um não problema enquanto existirem jogadores como Simão (ou Quaresma) que caem para qualquer uma das laterais a seu belo prazer, sem posição fixa - e sobretudo quando há bons laterais capazes de apoiar bem o ataque sobre as faixas (Leo e Nélson, neste caso).
Segunda conclusão, os portistas percebem mais de futebol que nós, que estamos sempre a levantar problemas idiotas.

Depois de dois golos - um de sorte e outro de génio, mas amplamente consentido por Nélon - de desvantagem, o Benfica na segunda parte partiu para cima do Porto, e empatou o jogo, feito ja de si díficil. E quando parecia que o Benfica ia virar o jogo, o Porto empata num momento de garra...depois de um lançamento lateral - o que é impensável.
Feitas em contas e mesmo pesando o facto do Benfica ter sido melhor, o empate seria o resultado mais justo.
No final do jogo, um grande jogo com um desfecho injusto - mas é nestes resultados que as grandes equipas se apoiam para dar a volta por cima - voltaram os protagonistas do costume.
O Porto queixa-se de Veiga - e com razão, por gestos obscenos para o público.
Já Veiga queixa-se do Porto - com razão, por provocação e, diz-se, um pouco mais. Tudo aparentemente normal.
Agora o que é espantoso é o Porto vir queixar-se acerca da lesão de Anderson. Isso é atirar poeira para os olhos - e esperemos pelo guro das "pauladas", Miguel Sousa Tavares.
Primeiro, sim, a entrada de Katso é viril - apesar de não ser falta - segundo, qual é o moral Porto para falar em entradas violentas, muito menos referindo-se ao jogador do Benfica como "um grego", numa alusão xenófoba ao que aconteceu o ano passado entre Lisandro e Karagounis?
Paulinho Santos, Fernando Couto, Jorge Costa, Deco, Bruno Alves, a lista de caceiteiros ( e não falo dos caceteiros nabos, mas daqueles que entram para magoar) é quase genética.
E mais, o que ninguém se lembra é que o departamento médico do Porto - se fosse o do Benfica a casa vinha abaixo - deixou um jogador com uma fracutra no perónio mais uma hora num banco de suplentes, como se tivesse uma lesão muscular, o que me parece - na minha modesta experiência de paciente acidentado e frequente de ortopedistas - é que isso foi um grande erro.
E agora que já escrevi tudo o que me apetecia - e o que não me apetecia como "Paulinho Santos" - volto a dizer que tenho muita confiança nesta equipa do Benfica e acho que este ano ainda vamos supreender muito boa gente. Tenho dito.

MC


PS: sobre Veiga e Pinto da Costa só tenho mais uma coisa a dizer: isto tudo não pode ser só por causa de uma bola redonda...